sábado, 17 de outubro de 2009

Relatório de visita ao Memorial da Repressão -DEOPS

Após um trabalho para a disciplina de sociologia sobre a ditadura militar, comecei a me interessar pelo assunto e fui atrás de mais informações. Descobri que existe um museu sobre o antigo DOPS( Departamento de ordem política e social)/ DEOPS (Departamento Estadual deordem política e social) e a curiosidade era tão grande que eu fui num sábado até lá e claro arrastei o namorado junto para conhecer um pouco mais sobre o local.
Localizado na Estação Pinacoteca, próximo a estação da Luz e da própria Pinacoteca, o Memorial da Resistência é uma reconstituição parcial do que foi o DOPS.


A imagem ao lado foi retirada de um folheto que nós  recebemos assim que entramos no museu.  Este edifício foi projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo para o funcionamento da Administração e depósito da estrada de ferro sorocabana e foi reformado para abrigar o DEOPS em 1939.  É um edifício tombado pelo CONDEPHAAT devido a sua importância histórica e arquitetônica.
A planta acima demonstra a divisão do pavimento térreo existente. Existem dois acessos liberados, sendo um principal para o público e um para as pessoas que estão em serviço.  Ao lado do acesso principal, temos a bilheteria ( a entrada no memorial é gratuita) onde são distribuídos ingressos de entrada, também gratuitos, para a pinacoteca.
No setor identificado como A tem uma amostra de cartazes da época da ditadura e documentos que foram recuperados, como por exemplo fixas originais do arquivo do DEOPS e livros que foram censurados na época que foram resgatados em sebos. 
No setor B além de ter uma maquete de como era a estruturação do DEOPS, tem telas interativas que possibilitam o aprendizado sobre termos e acontecimentos da época.
No setor D tem uma reprodução do arquivo com as fichas feitas em plásticos como se fossem “plaquinhas” que eu achei muito interessante e fiquei um tempão olhando. Também tem uns computadores com acesso ao site do memorial.
O setor C eu deixei por último pois é o mais “legal”! Me sinto até um pouco constrangida de falar assim afinal o que acontecia lá dentro não tinha nada de legal, mas foi a parte que eu estava mais ansiosa para conhecer e que definitivamente mais me marcou. Lá ficam localizadas as celas. Da esquerda para a direita cada cela é uma sensação diferente que variam entre angústias, lágrimas, respeito e claro, revolta.
Na primeira cela fotos da reconstituição do local estão nas paredes.Na segunda uma série de vídeos são projetados em homenagem aos milhares de presos, de desaparecidos e dos mortos pelo DEOPS. A terceira cela marcou bastante pois nas paredes haviam depoimentos dos próprios presos que resistiram a repressão, que participaram da reconstituição do local e fizeram questão de mostrar tudo o que passaram. Na “ultima” cela haviam fones de ouvidos onde nós pudemos escutar o depoimento dos “sobreviventes”. Essa é a parte mais emocionante. No centro da cela tem um caixote com um cravo vermelho em cima e a pouca iluminação da sala é voltada para ele. É uma sensação bem pesa entrar na cela depois de tudo o que foi visto e ver aquele cravo vermelho. Em um dos depoimentos uma senhora chamada Rose, disse que o natal foi um momento muito importante pra eles. Ela pediu a sua mãe que enviasse um bolo para que eles pudessem comemorar a data e também um buque de flores. A mãe lhe trousse um buquê de cravos vermelhos e ela distribuiu eles cela por cela.Ela conta que aquelas flores foram mais marcantes que o próprio bolo, pois há muito tempo eles não viam cor, não viam vida.
Esse depoimento acabou com o meu dia!!! É muito tudo muito triste, mas é bom saber que a luta deles nos levou a algum lugar. Pode não ser o melhor sistema, mas eu acredito que todo sistema tem falhas e por mais clichê que isso pareça cabe a cada um de nós fazer com que isso mude.
Apesar de ser uma visita forte eu recomendo. No 1º sábado de cada mês as pessoas que resistiram as torturas se reúnem lá no memorial e contam fatos sobre o que houve pra quem estiver interessado. Eu ainda não tive a oportunidade, mas pretendo ir assim que possível.


O Memorial da Resistência fica
 localizado no Largo General Osório,66 –Luz- São Paulo
Telefone: 3337-0185/ ramal 27
WWW.Pinacoteca.org.br
Entrada gratuita de terça à domingo das 10h às 17:30.

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